sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DE META EM META


Fui lá. Assistimos a palestra das assitentes sociais e pscicologas da vara da infância com atenção e paciência e saímos de lá com a esperança láááá no fim do túnel, mas acesa e mais viva do que nunca. Ninguém espera que seja fácil adotar uma criança, mas aprender a controlar a ansiedade deve ser a primeira lição dessa longa e angustiante jornada. E ficou assim. Voltaremos lá no dia 16/11. Não sei como chegarei até lá. Não sei como dormirei ou viverei sabendo que em algum lugar desse vasto e desamparado país está a minha filha, que ainda nem sabe da minha existência,sendo esperada por mim. Ela não me espera, porque a sábia natureza não dá este fardo de contar os grãos do tempo a criaturinhas em estado infantil. Uma criança não tem tempo pra esperar por nada. Cada dia é um mistério pronto a ser explorado. São tantas novidades disponíveis a uma criança, que por mais desamparo ou ínfimas condições ela tenha, ainda há o mistério da própria existência como fonte inesgotável de entretenimento. Ela tem a si mesma pra descobrir. A mim cabe o peso da espera. A mim cabe a responsabilidade de apagar as marcas cruéis que os dias sem mim estão causando. A mim cabe questionar toda essa burocracia. A mim cabe provar por A+B que desejo, mereço e aceito minha menina como ela vier.
Eu vou o quanto longe for preciso. Eu te espero o tempo que for. Eu removo o obstáculo que houver. Alguns dias passarão mais depressa, outros se arrastarão, mas o incontestável passar do tempo é que me conforta. O mistério maior e a justiça divina se resumem no tempo. Por mais rica, inteligente e capaz que eu fosse, por mais influente e bem relacionada... pra ter você eu tenho que passar por este tempo, dessa forma. Nada pode mudar este fato. Se eu me antecipo, não virá você. Se eu me adianto, não virá você. Se eu me paraliso, não virá você. Se eu me descontrolo, não virá você. E por saber disso, aproveito o tempo, que hoje parece contra mim, pra me preparar pra quando você vier.
Acredito que nossa história começa mais ou menos assim. Fomos separadas pela genética. Nos privaram dos laços sanguíneos. Não teremos a mesma cor de pele. Você não é um pedaço de mim, é a parte que me completa. Não verei em você repetições de mim mesma, seja na personalidade ou nos atos. Você será sempre a surpresa da nossa diferença. Será sempre o mistério da descoberta. Eu não terei um descendente, terei uma filha, o que considero muito, muito mais. Não passarei adiante meu gênio ou o formato dos meus pés. Ninguém será a mistura de uma parte de mim. Mas tenho certeza que a você eu darei aquilo que tenho de mais honesto, sincero e verdadeiro. A cereja do meu bolo é sua.
Hoje eu compreendo perfeitamente o que significa não ser capaz de conceber uma criança. Eu não estou apta a gerar um filho porque a mim não cabe o modo convencional de amar. Eu saí diferente das outras pessoas, e Deus não dá a capacidade que eu tenho pra qualquer ser humano. Acredito seriamente que Deus incapacita os escolhidos a dedo.Não deram a oportunidade de ser sua mãe a qualquer outra pessoa, nem mesmo a mulher que te pôs no mundo. Essa é a MINHA missão. E isso é tão importante e valoroso, que temos que comemorar essa vantagem que temos. Não vamos sair por ai espalhando, mas temos uma sorte incomum.
Eu sempre soube que era uma CRIATURA de sorte, mas não imagina algo tão grande assim. Como eu já digo faz tempo, OBRIGADA DEUS.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cada vez que eu leio você,gosto mais e mais ...nunca tinha pensado deste lado mas sempre podemos aprender, realmente nós somos especias ,escolidas a dedo pois não
geramos um ser ,mas damos amor e vida a um ser escolido por Deus.
porque ela faz parte de nossas mais
profunda existencia sem elas a vida
não tem a mesma graça.
beijos mil

MÔNICA