quinta-feira, 1 de julho de 2010

SEVERINA CHIQUE... super CHIQUE!


Ando lembrando muito dela ultimamente, e o ápice da lembrança veio ontem, quando na volta do supermercado vi uma senhorinha toda arrumadinha indo pra sua casa, com um mudinha de planta na mão. Assim era a minha Severina, a minha D.Seve. Trabalhou na casa da minha mãe desde que eu era pequena, e virou ao longo dos anos a minha querida e amada D. Seve. Quando eu sai da casa da mamãe, ela foi comigo. Não todos os dias é claro, mas o suficiente pra me mimar, e arrumar minha rouparia, e pra fazer carne de panela e plantar um sem fim de mudinhas pelo meu jardim. Eu convenci a D. Seve a almoçar na mesa comigo, porque eu não gostava de comer sozinha no sábado e porque era uma honra podermos cozinhar juntas. D.Seve fazia vagem cortada chanfrada. Nunca mais comi uma vagem melhor. D.Seve fazia bolinho de chuva, mesmo quando estava um sol a pino, nunca mais comi bolinhos de chuva. D.Seve fazia pudim de leite pro meu irmão, e quando dava sorte eu conseguia comer o melhor pudim de leite do planeta, que era furadinho e feito com um ingrediente secreto, AMOR.
Ai que saudade de você D.Seve. Saudade da sua elegância discreta. Da sua sapatilha preta, com calças compridas e sobretudo vermelho. Do seu cabelinho pintado de vermelho escuro. Do cheiro de 1 cigarro que vc fumava por dia. Do nosso segredo de que você era evangélica e que era melhor não contar pra minha mãe. Da sua gentileza em cuidar dos nossos gatos como se fossem seu. De todas as plantas que você com seu dedo verde plantou pra mim. Da sua voz vindo do pé da escada dizendo " Bom fim de semana minha Ciça!" Da sua timidez e descrição em jamais contar os nossos segredos pra ninguém. Que saudade de te ensinar a escrever, e do orgulho que senti quando li sua letrinha tremida escrevendo... Severina Maria da Silva. Saudade de deixar você vermelha dizendo que o sapateiro te paquerava. Saudade de verdade, que a gente só sente de quem a gente amou de verdade. Eu penduro os paninhos de limpeza no degrau da escada até hoje. Eu estico o pano de prato sobre o fogão até hoje. Eu cato mudinhas de planta na rua. E todas essas mudinhas eu planto pra você minha querida. Você foi a mais chique que já conheci... a MAIS.

Um comentário:

Neca disse...

Que bonito Ciça...linda homenagem para D. Seve, bjos